segunda-feira, 5 de março de 2012

Um diálogo com minha consciência



“Todo mundo tem um grande segredo”. Essa é uma máxima universal.
E quando eu ouço alguém dizendo: “Existem coisas que é melhor não investigar... Não saber”, eu penso: “Como assim, eu não posso saber? Por quê?”.
Aí, minha consciência argumenta: “Se uma pessoa te dá amor, te trata bem e te respeita, pra quê saber detalhes sobre sua intimidade?”, e eu: “Ué, como prova disso tudo que eu recebo”, olhando pra mim, ela disse: “Mas não basta ser amado, respeitado e ser bem tratado? É preciso ter uma prova de que isso tudo é real?” ... “Sim?! Não que seja necessária uma investigação, mas, se eu tenho a oportunidade de saber a verdade sobre quem quer que seja, eu... É verdade. Seria muito mais fácil apenas curtir o momento. Seres humanos sempre escolhem o caminho mais difícil. Mas, e se a pessoa dá indícios de que sua confiança é um tanto duvidosa, o que fazer? Viver em paranóia?”
 “Então, aí é que está. Se ela tem atitudes que fazem você desconfiar, esse é um momento pra se perguntar: ‘Será que esse envolvimento vai dar certo?’. Porque pessoas de boa índole não nos deixam pensar besteiras”. E eu disse: “É tarde demais. Minha curiosidade e insegurança superam quase tudo” (risos).
A verdade é que eu tinha a chance de saber o que alguém que pouco fala sobre si, conversa, pensa e age com as outras pessoas, principalmente com as que eu conheço.
Confesso que me senti como aquelas mulheres paranóicas que colocam detetives na cola dos maridos e acabam péssimas com o resultado, mas, ainda assim, achei válido. Depois de ler o que não devia ter lido, meu olhar se abriu.
É muito difícil pra mim, lidar com pessoas impessoais. Eu estou acostumado com gente que fala o que pensa, que não esconde e nem disfarça. Por outro lado - tem sempre “um outro lado” - todo mundo merece ter sua privacidade”.
“Sim, todos merecem se sentir donos de pelo menos uma parcela do seu mundo”, disse minha consciência, querendo me convencer com seus argumentos.
“Uma pergunta: você considera útil  tudo que você leu e descobriu?”
Maldita, me pegou de surpresa.
“Admito, até agora estou me perguntando: o que eu ganho ao conhecer o íntimo ‘alheio’?
O que muda na minha vida? Sinceramente? Acho que eu procuro defeitos em algumas pessoas, pra eu poder ter força, pro caso de eu sofrer um abandono. ”
“Bingo!”, ela gritou, sorrindo, como se meus devaneios fossem inúteis, e continuou: “De fato, isso é só pra satisfazer sua insegurança. Não importa o que você tivesse lido, você leria num tom onde você seria sempre um simples figurante. E outra: vocês têm uma amizade com benefícios, e não um relacionamento digno de tanta sinceridade mútua. Não era isso que você almejava? Relacionamento com liberdade é isso que você tá morrendo”
Com essa frase, me calei e voltei pro mundo real.

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◇ É passado, mas não esquecido