segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Egoísta







Eu sempre me senti egoísta. Hoje, eu vejo que é o que eu menos sou. Meu escudo de “egoísmo” é uma defesa pros meus amigos e pessoas que se consideram meus amigos, não me encherem com energias de problemas, porque é muito difícil manter meu olhar direcionado pra positividade e, mesmo que seja cansativo tentar manter essa direção, eu tento. Tento porque é o que eu tenho. Tento, pois, se eu não tentar, não me sobra nada pra ser.

Já explorei algumas partes da minha essência e as deixo descansar. Já entendi o que me amedronta, do que eu fujo; o que eu não devo fazer e o que eu não sou, mas egoísta não está na lista dos meus defeitos – se que se pode chamar de defeito.

Se eu fosse uma referência pro egoísmo, eu não me importaria com as pessoas que eu gosto, muito menos com o que elas pensam sobre mim. Eu não ouviria lamúrias que eu considero solúveis, só pra fazer bem ao outro... Eu poderia citar uma lista, mas não to aqui pra isso. Eu to aqui pra tomar decisões e, entre as que eu almejo, eu preciso ser egoísta.

Eu preciso cuidar de mim mesmo, muito mais. Preciso cuidar de mim, sem regras, sem questões out-side, sem me autodestruir pro um convite não foi realizado.
Tudo em demasia é ruim  e isso inclui o egoísmo; mas, contanto que não prejudique ninguém, nem atrapalhe a liberdade do outro, quase tudo é válido.

Eu preciso parar de tentar favorecer quem eu amo e acabar comendo sobras. Preciso controlar meus impulsos de altruísta e congelar minhas vontades.
E quanto ao egoísmo? Eu vou tomando em pequenas doses até me embriagar.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Começar do zero




Assistindo uma das séries de maior audiência da Europa, uma das minhas personagens favoritas, a Izzie Stevens, disse: “Eu não posso ficar aqui. Eu preciso começar do zero”. 

Toda mudança benéfica implica num sacrifico, seja de um fim de semana, seja de um relacionamento, seja dos dois citados. Nem toda vontade de mudar deve ser levada a sério, pois pode ser apenas uma válvula de escape para um problema. A mudança aqui citada é a grande mudança; não apagar tudo, mas fingir que tudo se apagou. Como quando nós deixamos nossa cidade natal e partimos pra uma terra desconhecida: sem amigos, sem noção dos lugares badalados, sem opções, mas cheio de expectativas e novas perspectivas.

Eu vou começar do zero. Vou tentar. Não vou me afastar de tudo e de todos, apenas vou fazer tudo igual, de um jeito diferente. É que é difícil se livrar rapidamente do hábito. É preciso ir com calma, se adaptando e adaptando seu “novo jeito” às suas novas vontades e desejos.

Não adianta, ir com pressa não dá certo. O correto é ir com calma, fazendo tudo devagar e sem grandes exigências, mas com grande vontade.

O “começar do zero” deve ser uma meta. Começar de onde você acha que as coisas mais afetam seu ego.

Já falei mil vezes sobre mudança e vontade de mudar por aqui, porém nunca concretizei meus planos, mas agora, nesses derradeiros textos da fábrica, eu preciso finalizar esses anos de lamúrias repetidas e me superar. Superar meus medos, minha preguiça, meus hábitos ruins, minha acomodação e, principalmente, as pessoas.


Tire suas próprias conclusões




Aqueles que possuem grandes amigos em forma de psicólogos têm uma alternativa: ouvir uma segunda opinião. Mas seus amigos têm suas vidas, suas trajetórias e tudo isso influencia diretamente no seu julgamento.

Nossa mente é um turbilhão de imagens, sentimentos, dores e cicatrizes. Dentro da nossa cabeça, além de cérebro e sangue, existe o que não é palpável e, me desculpe os neurologistas, mas é mais difícil de lidar com isso  do que com o cérebro. 

Volta e meia uma tempestade aparece, um mundo de problemas, críticas, traições e derivados. Como é difícil – muitas vezes – lidar com isso por conta própria, apelamos praqueles que chamamos de “nossos iguais”. Aqueles onde depositamos nosso altruísmo e amor. Ajuda algumas vezes, mas, quase sempre, caímos nos erros das nossas próprias escolhas, e depois nos martirizamos: “Por que eu não ouvi aquele conselho?”, como se isso ajudasse.

Eu sempre recorria a uma segunda opinião, mas comecei a perceber que eu me atrapalhava nas palavras/conselhos dos meus amigos, já que eles vivem suas vidas e suas tragédias e eu as minhas.
Nós percebemos que o amadurecimento chegou, quando aprendemos a não rejeitar certas vozes do interior. Quando paramos de nos autodestruir por causa das palavras e críticas alheias. Quando aprendemos a tomar conta da nossa própria vida e das direções que ela deve tomar – fora os imprevistos.

Quer uma dica? Não. Tire suas próprias conclusões.


Desconfiança




Impossível se relacionar com alguém não tendo o mínimo de confiança. Nós confiamos, mesmo que seja involuntariamente.

Muitas pessoas dizem não se preocupar com a traição, pois ela vem de qualquer forma e, se você não se preocupar, ela não irá te surpreender quando vier. Mas não tem como sentar com alguém, conversar sobre o que quer que seja; encará-la e simplesmente não confiar. Daí vem um abismo de dúvidas.

Dizem que a confiança é um luxo, eu acredito que ela apenas “aparece”. A confiança surge quando você conhece alguém que tem muitas coisas em comum com você. Quando conhece um ser humano que possui as mesmas dores, as mesmas angústias, ou, na melhor das hipóteses, quando conhece alguém completamente o oposto de você. Alguém que o inspira; que faça você esquecer seu lado ruim e apenas confia. 

A dificuldade em descobrir que você é um “confiante”, é a demasia da confiança; o apreço dado muito facilmente. Aí entra o controle. Suas experiências devem contar muito no julgamento, mas não deixem que elas atrapalhem seu juízo.

Um prosador espanhol disse certa vez: “A confiança é a mãe do descuido”. Confiemos, mas não tanto. Vamos deixar um espaço pra desconfiança, assim, você pode ter certeza: você não vai ganhar um coração partido, não vai ganhar uma humilhação e nem tão pouco sofrer com um abandono. Ah, e feche os dois olhos quando for dormir, suas retinas precisam descansar.

◇ É passado, mas não esquecido