segunda-feira, 25 de julho de 2016

Anything could happen

Se eu disser pra vocês que eu to namorando, eu estaria mentindo, mas to vivendo um lance legal - basta dizer que a relação friends with benefits não me inspirou textos bads como os que já escrevi aqui, mas me trouxe uma reflexão (e isso é lindo).

Bom,estávamos lá nos pegando loucamente, quando um pensamento pintou (quer dizer, entre os milhares, escolhi esse): "E se isso acabar logo?". Então, veio aquele gostinho amargo de perda na boca, de músicas tristes sendo compostas perdidamente, de textos pra Fábrica, de desabafos bêbados com os amigos e autodestruição (I see a deja vu here).

Mas, rapidamente, depois daquela obscuridade deixando o lugar, eu pensei: "Quer saber? Acabar acabou". Mentira, não pensei isso, mas pensei que, independente de qualquer confirmação, as coisas podem acabar. Um casamento de cinquenta anos acaba, quanto mais... Eu não sei nem se o Sol vai nascer amanhã, quanto mais... Prison Break vai voltar, quanto mais...


O lance é que a incerteza que provoca ansiedade e é alimentada por ela, nesse ciclo que, se você vacilar, você dança sem querer dançar, é preciso ter a cautela de discernir e entender que as coisas simplesmente acontecem, a despeito do que a gente quer, inúmeras vezes.

Viver bem com a incerteza é algo formidável, quando se aprende que você não tem o controle e, por outro lado, tem muito o que controlar. Confuso? Tipo, você pode controlar sua vontade de saber o que vai acontecer no futuro? Talvez não. Mas você pode controlar sua impaciência e aproveitar o momento.

É engraçado como um clichê faz tanto sentido quando a gente passa por ele (acho que por isso virou clichê, inclusive). Sempre ouvi "aproveite o momento", mas nunca havia compreendido o que isso queria dizer necessariamente. Acho que essa frase diz também: "Pare de agonia, relaxe e curta. Tira as dúvidas depois"

Portanto, isso foi a ansiedade tentando dar na minha cara, mas meus anos de auto cuidado, muita leitura em Psicologia, Filosofia e curiosidade acerca do tema, mudaram minha percepção e ela só passou em mim, mas dessa vez não foi uma rasteira, e sim uma dúvida e eu uma linda solução

sexta-feira, 11 de março de 2016

Lost in paradise



Em todos os discursos, palestras ou até mesmo em simples conselhos, as pessoas que conseguiram superar a depressão, ansiedade ou qualquer outro tipo de desordem do gênero, tinham em comum a frase: “eu tive que mudar de vida completamente”.
Essas pessoas que geralmente me inspiram boas atitudes (ou pelo menos me fazem pensar em ter boas e novas atitudes) tiveram que, segundo elas, ser uma versão melhorada de si, ou seja, novos hábitos benéficos.


Eu entrei nessa vibe também. Comecei a mudar tudo que me corroía e comecei a trilhar o meu caminho da cura. E sim, funcionou. Aliás, tem funcionado. Só que, durante essa trajetória nada fácil repleta de recaídas, eu percebi que eu estava fazendo algo errado, embora ainda existisse muito esforço pra caminhar.
A grande questão é que; imaginem que meus traumas estão sendo representados num corpo acidentado. Imaginem que eu sou um paramédico que chegou ali pra resgatar aquele corpo. Agora, em vez de cuidar logo do trauma principal, eu fui justamente cuidar das feridas superficiais: um corte no braço, uma ferida no dedo médio, um arranhão na perna esquerda... Eu fui mudando sutilmente... Sabe? Beeem aos poucos. Em vez de ir cuidar da dor profunda, naquela que causa mais dano, eu cuidei de algumas feridas que talvez o tempo pudesse curar sem grande esforço.

Pois é, embora eu tenha usado essa analogia Grey’s Anatomy, o que de fato predomina é que a minha energia foi gasta cuidando do simples – se é que dá pra medir traumas. Em vez de ir logo na ferida principal, eu fiquei cuidando daquelas que me afetam a saúde, mas não AQUELA que realmente dói e que faz com o que o corpo todo reaja mal. 

Se eu disser que não houve um lado bom e alguns benefícios, eu estaria mentindo, mas admito que devia ter me livrado dos hábitos mais corrosivos logo de cara. Porque, o grande problema de cuidar dos danos secundários, é que esse caminho é cheio de curvas e atalhos que passam sempre pelas tentações, que me dão a falsa sensação de que alguma coisa boa está acontecendo ali... Mas não. É como encontrar um oásis, mas perceber pouco depois que, na verdade, você ainda tá andando no sol latente do deserto.

Bom, como eu percebi isso a tempo de começar, lá vou eu tentar de novo. Mas dessa vez, em vez de pensar em renúncias, eu vou pensar nas aceitações.

◇ É passado, mas não esquecido