quarta-feira, 18 de junho de 2014



Os textos a seguir foram escritos entre 23 de Maio e 18 de junho do ano corrente


CAPÍTULO II

As surpresas da vida (ou da morte) deveriam nos fazer viver cada dia como se fosse o último. Sim, usei aquele velho clichê. Mas não adianta mesmo - isso falando de mim. Por mais que eu veja pessoas indo embora de repente: familiares, amigos... Pessoas que poderia ter dito coisas mais ternas, atitudes mais “louváveis”; ter tido, no mínimo, mais paciência... mas não tem jeito, eu vivo sempre esperando o amanhã pra resolver o que tiver de ser resolvido.

Eu não sei se isso é bom ou se é ruim: viver com a esperança de que o sol vai brilhar (vomitem), que um dia lindo com cheiro de manhã vai nascer (vomitem de novo), que há esperança pra paz mundial, fim da seca e da fome (me batam).
Ou eu sou estúpido o suficiente pra não ver isso como um ALERTA, ou eu sou normal do mesmo jeito que você é, ou eu sou medroso e vivo dentro dos meus receios, ou acho que tudo tem seu tempo pra acontecer, ou todas as alternativas, ou (risos) nenhuma (Caetano Veloso adoraria ler isso).

Mas é isso. Nós somos, muitas vezes, surpreendidos com o impacto de uma surpresa desagradável (ou agradável) e pensamos: “A partir de agora eu vou viver intensamente CADA minuto dos meus dias”... Porra nenhuma! Continuo a procrastinar sonhos, maltratar queridos, magoar em retribuição e todas as maldadezinhas que me é permitido.
Ok. Aceitei que eu vivo minha vida sempre lembrando dessa sensação de que “amanhã é um novo dia”, mesmo sabendo que, agora, às 21h:59min ainda há tempo pra muita coisa mudar, antes mesmo de eu encostar minha cabeça no travesseiro e partir pra um mundo tão louco quanto esse.

Enfim. Eu precisava expor esse pensamento. Pronto. Bem feito feito.


CAPÍTULO III


Desamor. Quando eu escrevi essa palavra nessa página antes branca, achei que a correção automática do Word ia sublinha-la com o traço vermelho, mas não, essa palavra realmente existe.
 
Eu que nunca achei que fosse passar por essa de deixar de amar alguém – pelo menos alguém que eu pensei ser minha alma gêmea -, deixei.  Não amo mais (ou pelo menos não como antes).

Depois de passar por "certas decepções” (incluam nessa lista: relação por intere$$e, me trocar por cervejas e outras coisas que esse blog de família não permite explicitar, mentir DESCARADAMENTE sobre coisas que eu já sabia a verdade...), eu percebi que nenhum amor é incondicional (MESMO!).

As ligações que nós custávamos a desligar, hoje, nada mais de “vou desligar...” – silêncio – “hahaha”; basta um: “beleza, a gente se vê”. As piadas não têm a mesma graça (na verdade, elas até me irritam um pouco). O perfume que antes me excitava, hoje é só um perfume... barato ( nada contra a Avon). Os encontros então, viiiixe, é coisa de meia hora no MÁXIMO. 

Nossa relação era próxima demais e, tenho que dizer, não foi fácil acabar com tanta proximidade – ainda mais quando os motivos foram tão trash metal. Era coisa de nós nos isolarmos em praias desertas, em casas desertas... mas seu desrespeito deixou outro lugar deserto, um lugar responsável por bombear sangue pro meu corpo todo (sem piada entre parênteses dessa vez).

Admito, sendo o bom humano que sou com minhas carências e saudades, que eu lembro com ternura da nossa tão afetiva relação, mas depois do que citei no 3º parágrafo, não tem como voltar a ser como antes.  
 
Admito também que não acredito que toda essa relação foi baseada no interesse, até porque já saímos apenas com 5 reais no bolso – e não foi só uma vez. Já passamos altos perrengues lado a lado (e olhe que foram vários). O problema é que, quando a bomba explodiu, veio tudo muito à tona (porque bem ou mal, a gente sabe com quem tá lidando).  Eu acho que existia amor do lado de lá – e foram incontáveis suas tentativas de fazer “tudo voltar a ser como era antes”, de “desculpa por tudo”, de tentar falar comigo ou fazer uma piada, daquelas que eu ria horrores antes, e só conseguir  uma leve e forçada esticadinha de canto de boca. Aí uma hora a pessoa cansa, né? Ambos cansamos. 

Se eu perdoei? Sim, claro. Eu acho que todo mundo recebe o que merece, sem sombra de dúvidas – aceitando você ou não. O mais difícil foi trabalhar essa raiva/tristeza em mim... Nooss, foram horas e horas e horas de conversas com meus amigos confiáveis sobre, foram músicas sobre, foram textos sobre, mas até a sublimação tem um limite. 

Se somos inimigos? Nãooo! Jamais. Por mim, eu até seria, mas foram tantos “foi mal” e blá blá blá, que eu acabei cedendo. 

Mas eu sinto falta daquela época... às vezes. É massa ter alguém que te ama e te adora e faz tudo por você, até você descobrir que era mentira, que foi um dos meus casos - aplausos  -  Só que não.

CAPÍTULO IV


Eu preciso falar. Sim. Um dos grandes remédios que substituem tantos outros: a fala.
Eu preciso falar sobre mim, sobre minhas angustias, sobre minhas séries favoritas, sobre minhas lamúrias, sobre a vida.

No final das contas – óbvio que praticar ioga e exercícios ajudam – a fala era o meu remédio, mas foi preciso um médico especializado no assunto dizer isso pra eu FINALMENTE entender que eu preciso falar.

Existem vários mecanismos de defesa que nós acionamos sempre que é preciso, mas já descobri que nenhuma sublimação, projeção, deslocamento (vide: psicanálise) vai me salvar, eu preciso mesmo é falar.

Mas como falar quando não há ninguém pra lhe ouvir? Ou pior, quando há alguém, mas esse alguém não está disposto a te ouvir? Ou pior, quando há alguém, esse alguém está disposto a te ouvir, mas, por algum motivo, você acha que ele não te entenderia ou seu laço com ele não lhe permite falar sobre certos assuntos, sendo que esses ‘certos assuntos’ são os que mais lhe incomodam e lhe tiram a paz, tanto que você teve que procurar um médico só pra lhe ouvir falar?
É complicado. Eu já fui um livro aberto. Eu já contei coisas que eu reprimi por anos em mim. Eu já disse coisas sobre mim, mas me arrependi depois. Me fazia bem, mas eu me sentia exposto. Como se meu amigo, que por ventura virasse meu inimigo, teria ali dentro de si todos os meus pontos fracos. Partindo desse principio eu cortei as asas da minha fala pra me proteger, mas acabei tendo de lidar com uma crise de estresse que não foi nada fácil. Culpa de tudo: má alimentação, bebidas demais, cigarros, falta de exercícios físicos e, boa parte dela, a fala.

Engraçado, se me perguntassem a cinco meses o que eu teria que escolher como remédio, a ultima coisa da lista seria a fala.

Mas não vai ter jeito. Eu só falo como poucos amigos e esses poucos andam sumidos. Mesmo tendo que falar e falar e contar, vou ter que ser mesmo, como antigamente, um livro fechado, até que alguém apareça e consiga abri-lo novamente.

CAPÍTULO V


Medo da morte. Sempre tive medo da morte. Medo de morrer e não ter feito tudo que eu queria fazer. Medo de ter alguém levado embora muito cedo (até porque já tive vários que foram levados por essa linda).

Mas, um medo pode superar o outro e, sem dúvidas, o medo de enlouquecer superou meu medo da morte. O medo de perder esse, o sujeito Rilson Sousa Dantas (Paann - música de revelações - esse é meu nome completo), o empolgado, apaixonado, melancólico, romântico, inteligente, cantor e altruísta. 

O medo de perder a sanidade foi mais intenso do que o medo de morrer. Morreu? * puf * escuridão. Adeus. Acabou. Mas enlouquecer não. Será que eu teria consciência de que eu não estava mais apto a controlar minhas palavras e gestos? Será que os loucos não são mais felizes? Será que, enlouquecendo, eu acabaria numa clínica isolada do resto mundo vestindo aquele jaleco branco cantando as músicas da Alanis Morissette e falando das minhas angústias em voz alta? Que tenso.

No fim, a morte nem é tão ruim. Na verdade é ruim pra quem fica.

Na minha família as mortes sempre foram bizarras e, por isso, meu medo de morrer sempre esteve ali, colado com o desejo de vingar as dores que já me causaram.
Superei o medo da morte, agora eu tenho medo de morrer lentamente, num leito de hospital ou em situações que eu prefiro não expor.

O medo de enlouquecer também passou. Não que agora eu seja o cara mais destemido e temido da Bahia (faroeste caboclo fellings), mas aceito mais (eu acho).
Agora, com pesar, me despeço... desse texto.


CAPÍTULO VI


Eu sempre achei que o carpe diem nunca se encaixou à minha vida... mais um engano pra minha lista. Quer dizer, eu já discuti o carpe diem aqui e não vou me repetir (mais), mas se “aproveitar o dia” for entrar em rocks surreais, com gente linda e descolada, sem hora (às vezes dia) pra voltar pra casa, fazer sexo com estranhos... ok, “aproveitei” muuuitos dias.

Se “aproveitar o dia” for estudar, me trancar no meu quarto, tocar violão, compor, ver um episódio de Revenge tomando vinho e ter uma bela noite de sono, já o fiz.

Ok. Eu poderia fazer uma lista das coisas que eu fiz, mas não convém, acho que já escrevi muito sobre minhas curtições intermináveis.

Eu só queria compartilhar essa sensação de que eu preciso fazer um olhar bem profundo pra descobri que eu vivo. Minha memória é ótima... pra acontecimentos trágicos. Sim, eu me lembro dos momentos de ternura e felicidade, mas na tragicidade eu tenho os dois pés.

Depois de perceber que eu poderia perder tudo que eu tenho – e que achava ser pouco demais pra mim -, eu acabei percebendo que eu tenho muito, até mais do que eu mereço... Aliás, não, eu mereço sim.

Eu aprendi a dosar meus sentimentos (a autoanalise veio com gosto). As experiências foram intensas. Às vezes, eu acho que não vivi tudo, mas vivi. Se eu parar pra pensar, acho que eu até fui rápido demais em pouco tempo. Vivi minha vida em modo very hard, fui obrigado a jogar no modo easy até chegar no normal outra vez e, depois de um tempo, poder subir de novo pro hard, porque ninguém merece viver a vida normalmente.

Mas, o que eu posso dizer é que vários “eus” morreram nesse período e outros nasceram e, sem sombra de dúvida, minha tragicidade imposta me fez perceber o quanto meus problemas são solúveis e o quanto está em minhas mãos o alcance da paz (embora eu acredite também que o universo muda a despeito de nós).
Feliz? Ainda não. Maduro e ciente do que vale a pena se dedicar pra gastar minhas energias? Sim... Claro... Eu acho.


CAPÍTULO I

(Essa música foi escrita quando eu me recuperei dos dias de pane)

Fortalecido

Existe uma força que me levanta
Uma força essa que não pode ser combatida
Ela vem desmedida e me arranca a apatia
Brutaliza as ameaças, incluindo as internas

Joga pra fora tudo que eu não ser
Me faz viver um novo dia
Ela me espera quando eu menos quero ver
e de surpresa ela me guia

Joga pra fora tudo que eu não quero ver
Enquanto eu limpo meus pecados
Me trás bravura, aquela que eu preciso ter
Nas guerras que eu me rendia – não mais

Existe essa força que é arrebatadora
Me coloca lá em cima e deixa eu me iludir
Que nada de ruim jamais vai me acontecer
E  não há força externa que possa destruir

Se eu pudesse te contar, eu  não ia parar pra pensar
Se eu  pudesse eu te diria
Mas eu  não sei de onde isso vem

Joga pra fora tudo que eu não quero ver
Enquanto eu limpo meus pecados
Me trás bravura, aquela que eu preciso ter
Nas guerras que eu me rendia – não mais.

◇ É passado, mas não esquecido