domingo, 12 de outubro de 2014

Sincericídio 2






Na lista que eu mencionei no post anterior, um dos itens que eu mais tive que exercer a paciência e o autocontrole foi o “sinceridade em forma de piada com o outro”.

Sinceridade é uma coisa boa? É. Falar na cara é melhor do que falar pelas costas? Sim! Mas existe um limite entre ser sincero e cruel. Eu já falei por aqui sobre isso, mas o objeto de reflexão não era eu, eram meus próximos.

Pois é. Exagerei! Fui muito longe. Eu cheguei num ponto de dizer coisas que o outro não queria ouvir. A ponto de dizer e ficar embaraçado dois segundos após o que foi dito. Sabe aquele traço na sua personalidade que até você tenta fugir? Então, eu tava jogando na cara dos outros esse tipo de palavras. Cruel, né? Ainda mais que era “do nada”. Não era algo no meio de uma discussão ou disputa de egos, era como se fosse um cumprimento.

Quem pensar que é exagero da minha parte, não sabe o que tá pensando. E tinha outra coisa: as minhas abordagens.

Normalmente as minhas abordagens eram sempre na base da ludicidade/camaradagem/constrangimento (Sim, eu sei que as três palavras juntas ficaram estranhas, mas o texto é meu. Beijos). Daí, todo mundo que se aproxima, sabendo que eu sou “feliz” assim e que agindo dessa forma está me agradando, acaba por não entender que eu mudei, ou que nem sempre eu to afim de entrar numa dança de farpas.
Eu resolvi me controlar a respeito disso, porque eu não quero dar razão ao Paulo Freire e me tornar aquilo que eu mais detesto: “um oprimido que virou opressor”.

Em vista disso, cá estou eu, com mais uma novidade em mim.


Ps : mas não achem que eu to bonzinho, eu apenas uso meus poderes quando eu quero.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Muito sal




Depois de acabar com os meus hábitos nocivos – falando da parte “física”: cigarro, bebida, sedentarismo... – eu comecei a fazer uma autoanalise pra mudar o meu jeito de lidar com o outro.

Numa grande lista que eu fiz mentalmente, um dos itens foi: “parar de investir na relações onde eu não tinha uma boa resposta”. Ok, eu explico.
Eu gosto de gente. Eu gosto de me relacionar com pessoas. Só que eu não havia percebido (ou percebi, mas só resolvi aceitar agora) que eu investia muito (gentileza, cordialidade, apreço, amizade...) com várias pessoas, mas na hora em que as coisas ficavam difíceis, eu acabava recorrendo aos antigos, mesmos, os de sempre (e olhe lá, porque esses também são ótimos na arte de sumir).

Eu desperdiçava muuuuita energia nessa história de me unir, me ligar, criar laços. Acredito que era quase uma compulsão. Sério. Quando mais difícil a pessoa, mas eu queria chegar nela. Consegui? Ok, era massa, mas eu queria mais (nossa, me senti um usuário de crack, só que usuário de gente, o que é pior... não?).

Portanto, eu resolvi começar a prestar atenção nas minhas atitudes com alguns próximos (ou naqueles em que eu buscava satisfazer meu vício). Eu comecei a observar com quais pessoas eu tentava uma aproximação, mas era repelido, enrolado, “adiado”; depois observei com quais pessoas eu sempre começava um diálogo (Exagero? Vocês não viram nada!!!); pessoas que eu dava, contribuía e me esforçava pra manter bem, seguro, em paz, mas era só eu (por favor, não riam... a coisa é séria); pessoas que eu me preocupava, perguntava sobre sua saúde, queria bem... ok, eles também me queriam bem, mas cagavam pra mim quando era preciso mostrar “serviço”.

Como diz o velho ditado: “a gente só conhece alguém quando come muito sal junto”. Verdade? Não sei. Mas estou “usando” minha simpatia, empatia e altruísmo com aqueles que fazem o mesmo e, acreditem, estou muuuuuito bem assim. Obrigado.

◇ É passado, mas não esquecido