Rancor formado é difícil de ser quebrado.
Eu sou rancoroso, e por mais que as pessoas digam que isso me mata
lentamente, eu não me importo. Não me preocupo em não ser rancoroso. Apenas
sou.
Os lindos positivistas de plantão dizem que é preciso apagar o rancor da
nossa memória... Como se fosse fácil... Como se fosse possível.
O rancor está impregnado de más recordações. Ele nos acostuma no seu vil
abraço e nos faz pensar, enrubescer; nos coloca de novo na mais humilhante
situação e nos faz repensar o nosso perdão.
Será que é possível subtrair o rancor do nosso âmago? Será que dá pra
parar de nos punir a cada eco da rejeição? Será que o perdão é realmente
verdadeiro?
Se essas perguntas fossem feitas pra mim, a resposta pras três seria: não.
Se essas perguntas fossem feitas pra mim, a resposta pras três seria: não.
Eu desculpo, eu tento, eu me controlo, mas o rancor fica ali,
persistindo, como se fosse uma doença imune a antibióticos.
Mas, no final das contas, talvez o importante seja minha “suposta
tentativa de superar”, afinal, quem diz ‘eu te desculpo’, está tentando deixar
o caminho mais brando, mais calmo, mais suave.
A parte mais difícil é lidar com os motivos que causaram o rancor reverberizando
na sua alma, tanto nos momentos de solidão - quando sua mente voa -, quanto nos
momentos onde o causador da dor está ali, presente; ou provocando novos motivos
(o que é um clássico decadente), quanto tentando melhorar o que foi dito (o que
é um clássico vergonhoso), ou tentando acertar em suas ações naquele instante, mas, às vezes, acaba
piorando tudo.
Eu não sei direito o que fazer, porque vivo dando chances, me quebrando,
dando novas chances, ignorando e todo aquele blá blá blá típico do meu eu.
Rancor, no meu caso, não me faz mal. Às vezes eu cismo, brigo e coloco
tudo pra fora; às vezes eu deixo ir e dou umas patadas que me são tão
peculiares, mas a mágoa fica lá.
Rancor formado é difícil de ser quebrado... em mim.
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