terça-feira, 17 de julho de 2012

Vingança é um prato que eu desisti de comer



Inúmeros pensadores definiram a vingança de diversas formas. Uns dizem que a melhor vingança é o desprezo. Outros dizem que dar um castigo não traz a honra de volta; que a raiva não permite que as chagas se fechem, e o arrependimento é o maior fato nessa batalha. 

Não sei se é algo que estava inato, ou eu aprendi com o tempo, ou se foi porque eu vi todos os episódios da primeira temporada de Revenge, mas lá fui eu tentar dar o troco em quem me fez um mal enorme (?).
 
Fiz tudo da maneira mais correta: me aproximei dos amigos da vítima, dos inimigos da vítima (que são muitos), dos familiares da vítima e, por fim,  da vítima (o que foi fácil, diga-se de passagem). Com pequenos golpes no curto entendimento da “vítima”, eu fui roubando-lhe a mente de tal forma que, tudo que eu digo se torna verdade absoluta.
Mas, no meio dessa intensa jornada, aconteceu algo que eu não esperava: eu me tornei tudo àquilo que eu mais desprezava.

Conquistar pessoas que pouco lhe interessa não é fácil. É um sorriso amarelo dali, uma atenção desviada de lá, e você acaba tendo que encarnar o personagem muito fielmente. Sem contar com as armadilhas da consciência e das emoções: de repente você se vê gostando, de verdade, daquilo que deveria ser apenas parte do produto.

Por isso a Amanda Clarke disse que a vingança não é para os impulsivos. É preciso ter um sangue-frio disfarçado de paciência. Até porque, nem sempre seu espírito está pra lidar com determinada situação. Um fingimento, às vezes, custa muito mais caro do que o peso da sinceridade.

Por mais que meus pensamentos indicassem que a “vítima” merecia tudo aquilo, eu não me sentia bem comigo mesmo. Daí, eu decidi dizer um “basta” pra mim. Chega de consumir minhas energias com males que só vão se curar com o afastamento.

Certa vez, alguém me disse pra eu não me preocupar com vingança, pois o mal por si só se destrói. 
A frase acabou fazendo muito sentido. Seria muito mais divertido ter participação ativa na destruição desse “mal”, pena que isso não será possível, mas, como eu sou muito superior e não nasci pra ficar nas arquibancadas, fico muito feliz em assistir tudo, ali, na primeira fila do camarote.

ps: mas nada me impede de, sempre que eu puder, apimentar o lento processo do destino.

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◇ É passado, mas não esquecido