segunda-feira, 16 de julho de 2012

Lágrimas, leviandades e lamúrias repetidas



Supere isso e, se não puder superar, supere ao menos o vício de falar a respeito”. Quando Caio Fernando Abreu escreveu essa máxima universal, ele deve ter pensado em alguns dos meus amores. 

Não é fácil apagar o passado. Não é fácil viver nesse mundo. É muito complicado lidar com gente; com rejeição, olhares atravessados, burocracias, doenças, crimes, traições...

Qualquer pessoa do mundo, está apta a escrever uma lista de coisas terríveis que nos atormentam. Mas, assim como todas as coisas difíceis de lidar na vida, aguentar a mesma pessoa, repetindo o mesmo assunto, sobre as mesmas pessoas, girando ao redor do mesmo tema, sempre se colocando no papel de vítima, beira o surreal.

Quando a gente resolve se calar sobre determinadas partes da nossa vida, o cérebro vai prendendo isso no inconsciente e eles vem à tona nos sonhos e atos falhos (até onde eu sei). Mas pelo menos lá, você não incomoda nenhuma alma.

É claro que superar a dor é muito complicado, o passado então, nem se fala. Cada um lida de um jeito: tem gente que se afasta de tudo e de todos (meu caso), tem que gente que encara, que se joga, e eu não julgo nenhuma das formas de lidar com as crises, mas, eu não conheço ninguém que tenha se curado, falando repetidamente com um amigo (no caso, eu), sem novos argumentos e tendo a certeza que esse amigo (no caso, eu) não é psicólogo.

Sou um bom ouvinte, mas tudo tem limite. Sou daqueles que, em poucos minutos, muitas pessoas se sentem à vontade pra falar sobre tudo. Se eu acho isso uma dádiva? Sim, eu acho. Mas uma linha tênue separa um dom de uma maldição.

Alterando, com todo respeito, a frase do Caio Fernando Abreu: “Supere isso e, se não puder superar, se jogue da ponte”

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◇ É passado, mas não esquecido